quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ensino superior restrito como deve ser, mas não igual ao nosso

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Ensino superior restrito como deve ser, mas não igual ao nosso

Pessoas não são iguais. A única igualdade que compartilhamos, ou pelo menos deveríamos, é a igualdade de condições. E só. Não adianta bater o pé, criticar-me de preconceituoso ou promotor da exclusão social; o fato é que o ensino superior não é para todos. É para uma minoria, bem-dotada de intelecto e que faz por merecer o prestígio social o qual possui. Se esta minoria é composta exclusivamente de herdeiros de boa linhagem e melhor situação financeira, em detrimento dos poucos esperançosos de baixa renda que aspiram à universidade, este sim é o mal que deve ser combatido, pois se opõe a igualdade de condições.

Promover a igualdade de condições não é escancarar as portas de nossas universidades através de cotas e provas de qualidade cada vez menor para aprovar pessoas que não têm as mínimas condições intelectuais de lá estudar. Promover a igualdade de condições significa desenvolver uma educação básica de qualidade – esta sim a que todos têm o direito – para qualquer um desejoso de cursar o ensino superior, independentemente de etnia, classe social, deficiência física ou não. Significa dar as condições mínimas para que qualquer cidadão tenha recursos, providos de fontes externas, de realizar o que quiser.

É muito fácil para qualquer político inescrupuloso, visando obter cada vez mais votos, convencer toda uma massa populacional de que, qualquer que seja o nível educacional dela, ela tem o direito de cursar o ensino superior, já que a minoria que tem uma vida de estabilidade financeira nesse país de forma lícita e desprovida de sorte vem destas universidades. Eles iludem o povo confundindo-o que o direito de ter as mínimas condições para realizar um concurso é o mesmo que o direito de cursar. E não é.

Pior ainda, criam em toda a nação a cultura de que o ensino superior é o único modo de se obter o sucesso e qualquer outro meio sempre está fadado ao fracasso. Fato que não só da origem ao único país do mundo onde toda sua população deseja entrar para a faculdade, não por questão de sonho legítimo, mas por desejo inevitável; mas também dá origem a um sistema falho e corrupto de vestibulares para as nossas decadentes universidades públicas e para a minoria ainda menor de universidades particulares que tem algum reconhecimento, já que as ‘sem valor”, devido a demanda cada vez maior dos infelizes que não passam no vestibular, têm seus números cada vez maiores.

Só o que podemos perceber neste contexto é uma demanda por profissionais com ou sem ensino superior cada vez maior não ser atendida, já que muitos são os graduados que só possuem o diploma mas não a capacidade de exercer suas profissões e poucos são os profissionais das áreas as quais não exigem o canudo. E não contente com o colapso no mercado de trabalho por qual inevitavelmente o Brasil se aproxima, vemos perplexos o nascimento de uma nação que, enganada por seus políticos aproveitadores, torna-se cada vez mais infeliz por não ter realizado o sonho que não era seu.