domingo, 29 de janeiro de 2012

O Verdadeiro Big Brother

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Não sejamos ridículos em tentar negar: o Big Brother é um programa ruim, e ponto. E não é pouco não. Ele é um programa simples e inútil que reúne todos aqueles elementos básicos da TV que atraem os olhos daqueles que não estão nem um pouco preocupados em acrescentar ao algo mais em sua vida. Regras básicas como bundas de biquíni, merchandising indiscriminado, falsa interatividade e alta exposição do sonho de consumo capitalista de que nós “temos” que ter em nossas vidas: beber, dançar, beijar e ganhar dinheiro fácil. Em suma: nada de bom.

Você, concordando ou não com o exagero que minhas palavras que levam você a achar que eu vou simplesmente meter o pau no BBB, ainda sim, não pode negar que o eu que estou dizendo é verdade. E mais verdade seja dita, não gosto de BBB, tampouco assisto. Mas não sou hipócrita de dizer que não assisto porque este é um programa ruim em que um bando de alienados fofoqueiros param suas vidas para doar seu já escasso dinheiro para o patrimônio, nem um pouco modesto, da já ultra-mega-super-blábláblá-opressora Globo – pra não dizer satânica, apoiadora da ditadura, ou outras coisas mais que os pseudo-esclarecidos adoram colocar aqui na net. E sim, porque o Grande Irmão é só mais um programa que, como se fosse uma lente de aumento, só aumenta e exagera aquilo que a nossa sociedade é de verdade, para o bem e para o mal: boba, consumista e humana. E disso, a vida real já tá cheia, pelo menos o bastante pra eu não querer ver esse programa. E ponto. É só isso.

Nada de ficar dizendo “É por isso que o Brasil tá do jeito que tá” ou “Ôh povo ignorante que dá rios de dinheiro pra Globo” ou “Minha sala não é privada”... E tome facebook com suas milhares de atualizações na página inicial com clichês anti-BBB. Milhares de pseudo-intelectuais, esses que dizem que adoram Clarice Lispector, que vira e mexe copiam e colam no mural um Mario Quintana, que juram de pé-junto que quando eram pequenos não ouviam Claudinho e Buchecha, nem dançavam É o Tchan e sim que sempre ouviram Metallica, ou melhor ainda, que negam que se achavam os fodões ouvindo Linkin Park. Esses que ficam dizendo que na TV só passam asneiras e que, na realidade, ela tinha que passar programas mais cultos, com intuito de reeducar nossa sociedade, valorizar nossa cultura e investir na educação...

Ah Vá! Tá bom... Senhor que só assiste History Channel, Telecine Cult e TV Futura... Cinema é para os fracos, todo fim de semana é Teatro Municipal né? Nada de rir com as bobeiras do programa do Pânico, com os Memes da internet, com o exército de Israel dançando Michel Teló, com o Hermanoteu na Terra de Godard, com o blog do Testosterona ou simplesmente se divertir vendo novela, futebol, filme do Star Wars ou dançar trance ou funk em uma balada com os amigos. Que isso... Somos um povo alienado que devemos aprender com os ingleses frios a sermos sérios 24 horas por dia. Se escangalhar de rir da Valéria, da Janete e da Luiza que foi pro Canadá nem pensar! Sei... Como se as nações melhores desenvolvidas que a nossa não valorizassem o poder desestressante que é se divertir com algo sem valor e não cultuassem a diversidade de gostos, seja ele qual for, como uma obra prima da identidade humana.

Mas só falta agora aquele outro que, na ânsia de justificar o gosto reprimido que tem pelas bobeiras do BBB, vem com aquele discurso todo pomposo de que, na realidade, o Big Brother é um laboratório de estudo dos humanos onde podemos tirar dali verdadeiros ensinamentos sobre nossas mentes e nossa sociedade. Cara de pau né? Aposto que as 76,2 milhões de pessoas que votaram no paredão do Dourado estavam pensando nisso... Aliás, aposto que a Globo tá pen$ando nisso... Brincadeiras a parte, se realmente quisermos transformar o Big Brother em um programa mais inteligente basta analisa-lo pelos seguintes questionamentos:

· O que leva um ser humano a exibir-se para todo um país? Será que com o passar do tempo ele esquece ou passa, simplesmente, a ignorar o fato de ser vigiado por câmeras?

· Até que ponto o jogo está influenciando o jeito de ser daquela pessoa?

· O que há de comum entre as ações dos participantes e as nossas próprias?

Querendo ou não, o Big Brother é reflexo de nossa sociedade. Tão ruim quanto a nossa sociedade for. Tão capitalista quanto nossos somos. Tão brasileira como nosso povo. Tão boa quanto provarmos que somos. Independente se você acha bom ou ruim, somos sim uma sociedade que adora beber, participar de festas, ser imprudente e estar rodeada de amigos que exigem de você conversas fúteis. Não importa se você critica positivamente ou não, no final das contas, cada crítica ao Big Brother é uma crítica à sociedade em si.

E mais do que um programa, o Big Brother é um fenômeno social. Algo que vai muito além dos televisores sintonizados naquela diarreia explicitamente real. Ande pelas ruas, olhe nas bancas de jornais, visite seu facebook. Não basta só olhar, tem que enxergar. O verdadeiro Big Brother está aqui. Está por toda parte. Milhões de pessoas sendo laboratorialmente instigadas e analisadas através de um único programa:

· O que leva a alguém investir seu tempo nesse tipo de programa?

· O que leva a alguém investir seu tempo criticando quem vê esse tipo de programa?

· O que leva milhões de pessoas a gastarem seu dinheiro para ver e escolher uma outra pessoa a ganhar dinheiro sem ter feito absolutamente nada?

· Quais são os critérios que fazem com que a sociedade decida quem é merecedor ou não do prêmio?

· Por que, não importa se falam bem ou falam mal, só se fala disso?

· Por que eu estou lendo mais um texto sobre o Big Brother?

E se você acha que falta o elemento principal (a famosa câmera que nos alimenta diariamente com sua famosa “espiadinha”) desse Mega Big Brother de milhões de participantes, digo a você que a câmera está camuflada e seu nome é facebook. É lá no face que, para quem quiser ver, todo dia, a todo segundo, nossos milhões de participantes, por livre e espontânea vontade, expõem suas “críticas” com relação ao Big Brother. E lá são crucificados por seu gosto não compartilhado ou pela sua tentativa intelectual, pseudo ou não, de julgar as pessoas que assistem o BBB. Esses que, por sua vez, são julgados por aqueles que não negam seu gosto pelo Big Brother. E aí começa o dedo na cara, o palavreado vulgar, a troca de elogios, o barraco sendo armado, enfim, tudo aquilo que o povo adora, e paga pra ver.


Referências:

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-cliche-anti-bbb/

http://www.politicaexterna.com/21695/uma-critica-crtica-do-grande-irmo

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ensino superior restrito como deve ser, mas não igual ao nosso

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Ensino superior restrito como deve ser, mas não igual ao nosso

Pessoas não são iguais. A única igualdade que compartilhamos, ou pelo menos deveríamos, é a igualdade de condições. E só. Não adianta bater o pé, criticar-me de preconceituoso ou promotor da exclusão social; o fato é que o ensino superior não é para todos. É para uma minoria, bem-dotada de intelecto e que faz por merecer o prestígio social o qual possui. Se esta minoria é composta exclusivamente de herdeiros de boa linhagem e melhor situação financeira, em detrimento dos poucos esperançosos de baixa renda que aspiram à universidade, este sim é o mal que deve ser combatido, pois se opõe a igualdade de condições.

Promover a igualdade de condições não é escancarar as portas de nossas universidades através de cotas e provas de qualidade cada vez menor para aprovar pessoas que não têm as mínimas condições intelectuais de lá estudar. Promover a igualdade de condições significa desenvolver uma educação básica de qualidade – esta sim a que todos têm o direito – para qualquer um desejoso de cursar o ensino superior, independentemente de etnia, classe social, deficiência física ou não. Significa dar as condições mínimas para que qualquer cidadão tenha recursos, providos de fontes externas, de realizar o que quiser.

É muito fácil para qualquer político inescrupuloso, visando obter cada vez mais votos, convencer toda uma massa populacional de que, qualquer que seja o nível educacional dela, ela tem o direito de cursar o ensino superior, já que a minoria que tem uma vida de estabilidade financeira nesse país de forma lícita e desprovida de sorte vem destas universidades. Eles iludem o povo confundindo-o que o direito de ter as mínimas condições para realizar um concurso é o mesmo que o direito de cursar. E não é.

Pior ainda, criam em toda a nação a cultura de que o ensino superior é o único modo de se obter o sucesso e qualquer outro meio sempre está fadado ao fracasso. Fato que não só da origem ao único país do mundo onde toda sua população deseja entrar para a faculdade, não por questão de sonho legítimo, mas por desejo inevitável; mas também dá origem a um sistema falho e corrupto de vestibulares para as nossas decadentes universidades públicas e para a minoria ainda menor de universidades particulares que tem algum reconhecimento, já que as ‘sem valor”, devido a demanda cada vez maior dos infelizes que não passam no vestibular, têm seus números cada vez maiores.

Só o que podemos perceber neste contexto é uma demanda por profissionais com ou sem ensino superior cada vez maior não ser atendida, já que muitos são os graduados que só possuem o diploma mas não a capacidade de exercer suas profissões e poucos são os profissionais das áreas as quais não exigem o canudo. E não contente com o colapso no mercado de trabalho por qual inevitavelmente o Brasil se aproxima, vemos perplexos o nascimento de uma nação que, enganada por seus políticos aproveitadores, torna-se cada vez mais infeliz por não ter realizado o sonho que não era seu.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Apenas o nós

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Apenas o nós

“Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas liberdade da escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa.”

T.W.Adorno

Até que ponto nossos pensamentos e atitudes são verdadeiramente nossos? Até que ponto conseguimos diferenciar as ideologias advindas de nossa essência das advindas da influência exterior? Existe uma fronteira que as limitem? Não, não há. Não há ponto. Nem mesmo existe campo para o que chamamos de “eu interior”. Tudo que você é, ou pensa que é, é, na verdade, um fruto, quase um filho, do que as pessoas querem que você seja. Assim, como também, as pessoas que estão a nossa volta não são elas mesmas, mas sim, fruto do que influenciamos elas a serem. E não há meio termo: tudo é influência, nada é original.

Isso significa que abolimos de vez aquilo que os ignorantes chamam de “ter personalidade?” Sim, se o significado de personalidade for associado ao pensamento medíocre, e egoísta, de que o homem tem um ser interior, com seus próprios ideais, por qual devemos dedicar toda nossa existência e jamais tentar mudá-lo, mesmo que isto signifique ir contra o bom convívio dos próximos. Atribuir personalidade a um ser que acreditamos ser o nosso “eu interior” só demonstra que esquecemos de que, quando nascemos, éramos cascas vazias chamadas “bebês”, cujas funções terrenas eram somente defecar e amar aquele que nos alimentava, desprovidas de qualquer ideologia consciente. Ideologia essa que só criamos, e continuamos a criar todos os dias, conforme somos influenciados no nosso viver.

Nada do que fazemos é original. Nem mesmo a atitude que por vezes julgamos tomar contra a maré pode ser considerada tal. A verdade é que o homem, em todo seu desejo de se reafirmar como humano, julga que, no exercício de sua utópica personalidade, adotar uma ideologia o diferenciará da maioria. Porém, tal atitude, no final, só demonstra que todo seu desejo é, na realidade, uma ilusão e que o que, verdadeiramente figura tal adoção, é a subjetiva revelação de coerções econômicas. E neste ponto, não há nada mais comum do que ser influenciado a adotar ideologias que favoreçam a sua pessoa.

O homem não é um ser único. Ele é a fusão de ideologias e sentimentos de todos que estão a sua volta. Como uma gigantesca teia, o mundo interconecta as mentes de todos os seres viventes em um colossal tráfego de influências. Note que interconectar não significa um “pensamento” ou “tendência” universal, mas sim que tudo influencia as ações de todos. Portanto, por mais que anti-liberdade que possa parecer: não existe o eu, apenas o nós.

domingo, 19 de setembro de 2010

O exercício da mutabilidade.

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O exercício da mutabilidade.

Os ignorantes tendem a ter os pensamentos errôneos de que as pessoas devem sempre “ser o que são”, jamais permitir que outros as influenciem e que as mudem. Uns até chamam isso de “ter personalidade”. Porém, esquecem que a sociedade e o ser humano, em seu âmago, são essencialmente mutáveis e que viver também significa errar e aprender a não fazê-lo novamente através de mudanças. Mudanças estas, naturais, que justificam toda nossa evolução e figuram toda a beleza do que é ser humano, ou seja, o desejo de mudar e evoluir.

Ninguém pode ser estático. Pelo menos, não deveria. Aqueles que resistem às revoluções ideológicas e sociais, que vivemos todos os dias, apenas pelo fato de desconsiderarem e rejeitarem tudo que é novo, não conseguem evoluir. Não conseguem porque se conformam na inércia que permitem suas vidas permanecer. É claro que estar aberto a novos pensamentos e perspectivas não significa adotar como verdade absoluta toda e qualquer ideologia que por nós transcorra, mas sim, estar propenso a estudar e questionar, de todos os ângulos possíveis, posicionamentos diferentes dos nossos.

Ser humano também significa mudar seu próprio pensamento para aceitar as diferenças de nossa sociedade. Significa mudar seu ponto de vista para tentar entender o pensamento de outrem e deixar, se natural for, que este novo pensamento seja agora o seu próprio. É assim que estamos evoluindo, embora a pequenos passos, de uma sociedade segregada por credos e etnias para uma sociedade única e universalmente acolhedora. Em um mundo, em as distâncias foram tão reduzidas pela tecnologia e no qual coexistem bilhões de pessoas, cada uma com sua crença, não há como não desejarmos mudanças ideológicas que promovam a mútua aceitação e a paz.

É isso que há de mais belo no homem: o desejo de mudar para evoluir. O desejo de analisar nossos erros do passado e mudar nossos pontos de vista. De estar propenso a posicionamentos divergentes dos nossos para que, em paz, convivamos com o próximo. De permitimos nossas vidas navegarem contra a maré de mediocridade dos ignorantes que não toleram mudanças. Enfim, é no exercício de nossa mutabilidade que, verdadeiramente, nos reafirmamos como humanos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Reescrevendo o destino (Rascunho)

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Reescrevendo o destino

Embora minha paixão pelo estudo esteja atrelada às ciências exatas, conservo em meu âmago um profundo deslumbramento pela história. Ciência essa que incendiou minha vida quando, pela primeira vez, tive aula com um professor “sério” dessa disciplina. Esse professor, hoje diretor de uma das unidades do curso Elite do Rio de Janeiro, ensinou-me que a chave para entender o futuro reside no estudo do passado, pois, entender como a humanidade chegou até onde estamos e não repetir os erros que ela cometeu, nos guiará no caminho de um mundo melhor.

Quando a bomba nuclear “Little Boy” foi lançada em 1945 pelos Aliados contra a cidade nipônica de Hiroshima matando centenas de milhares de civis, ato considerado por muitos como totalmente desnecessário, poucos acreditariam que os mesmos Aliados teriam a audácia de lançar outra bomba, igualmente destrutiva, contra a cidade portuária de Nagasaki três dias depois. Dado o importante papel que teve tal demonstração de poder, através deste ato terrorista de estado, que posteriormente culminou com a corrida armamentista entre os EUA e a União Soviética nos anos de guerra fria, figura-se extremamente clara a necessidade de compreender este passado para questões que perduram até os dias de hoje.

Como sabemos, o Brasil, em sua intensa busca por grandes papéis no cenário mundial, recentemente colocou-se em uma situação de risco ao se contrapor aos EUA ao defender o Irã em seu programa de energia nuclear como forma de criticar a Agência Internacional de Energia Atômica e seu Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Tratado este, em vigor desde 1970, que deveria restringir o desenvolvimento de tecnologia nuclear para uso bélico dado o impacto psicológico que tal uso provocou no mundo após as bombas lançadas no Japão, e não ser uma forma de controle tecnológico por partes dos países ricos sobre os países menos desenvolvidos, como o Brasil.

Seria preciso mais uma Hiroshima para que o mundo finalmente compreendesse a importância real de levar a sério estes tratados pacifistas ao invés de usá-los como instrumentos políticos? É tão melhor assim ignorar o passado, insistir no erro e desencadear milhões de mortes por todo o mundo através de simples decisões de poucos que controlam o poder? Será preciso mesmo outro muro de Berlim em Israel? Outro Pinochet na Venezuela? Outro Afeganistão no Irã? Por que repetir os erros de nosso passado quando já sabemos o triste final dessa história? Talvez, se todos nós tivéssemos aulas de história com professores como o que tive, pudéssemos juntos, não só compreender o nosso presente e este sombrio futuro que nos aguarda, mas tomar as atitudes certas, com base no estudo de nosso passado, de nossa história, e assim, reescrever nosso destino.