sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Reescrevendo o destino (Rascunho)

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Reescrevendo o destino

Embora minha paixão pelo estudo esteja atrelada às ciências exatas, conservo em meu âmago um profundo deslumbramento pela história. Ciência essa que incendiou minha vida quando, pela primeira vez, tive aula com um professor “sério” dessa disciplina. Esse professor, hoje diretor de uma das unidades do curso Elite do Rio de Janeiro, ensinou-me que a chave para entender o futuro reside no estudo do passado, pois, entender como a humanidade chegou até onde estamos e não repetir os erros que ela cometeu, nos guiará no caminho de um mundo melhor.

Quando a bomba nuclear “Little Boy” foi lançada em 1945 pelos Aliados contra a cidade nipônica de Hiroshima matando centenas de milhares de civis, ato considerado por muitos como totalmente desnecessário, poucos acreditariam que os mesmos Aliados teriam a audácia de lançar outra bomba, igualmente destrutiva, contra a cidade portuária de Nagasaki três dias depois. Dado o importante papel que teve tal demonstração de poder, através deste ato terrorista de estado, que posteriormente culminou com a corrida armamentista entre os EUA e a União Soviética nos anos de guerra fria, figura-se extremamente clara a necessidade de compreender este passado para questões que perduram até os dias de hoje.

Como sabemos, o Brasil, em sua intensa busca por grandes papéis no cenário mundial, recentemente colocou-se em uma situação de risco ao se contrapor aos EUA ao defender o Irã em seu programa de energia nuclear como forma de criticar a Agência Internacional de Energia Atômica e seu Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Tratado este, em vigor desde 1970, que deveria restringir o desenvolvimento de tecnologia nuclear para uso bélico dado o impacto psicológico que tal uso provocou no mundo após as bombas lançadas no Japão, e não ser uma forma de controle tecnológico por partes dos países ricos sobre os países menos desenvolvidos, como o Brasil.

Seria preciso mais uma Hiroshima para que o mundo finalmente compreendesse a importância real de levar a sério estes tratados pacifistas ao invés de usá-los como instrumentos políticos? É tão melhor assim ignorar o passado, insistir no erro e desencadear milhões de mortes por todo o mundo através de simples decisões de poucos que controlam o poder? Será preciso mesmo outro muro de Berlim em Israel? Outro Pinochet na Venezuela? Outro Afeganistão no Irã? Por que repetir os erros de nosso passado quando já sabemos o triste final dessa história? Talvez, se todos nós tivéssemos aulas de história com professores como o que tive, pudéssemos juntos, não só compreender o nosso presente e este sombrio futuro que nos aguarda, mas tomar as atitudes certas, com base no estudo de nosso passado, de nossa história, e assim, reescrever nosso destino.

Indesejável

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Há um conto de H. G. Wells, chamado “A terra dos cegos”, que narra o esforço de um homem como visão normal para persuadir uma população cega de que ele possui um sentido do qual ela é destituída; fracassa, e afinal a população decide arrancar-lhe os olhos para curá-lo de sua ilusão.

Proposta:

Discuta a idéia central do conto de Wells, comparando-a com a do ditado popular: “Em terra de cego quem tem um olho é rei”. Em sua opinião essas idéias são antagônicas ou você vê um modo de conciliá-las?

Indesejável

Nem sempre o que é motivo de orgulho e idolatria também não pode ser considerado incômodo e repulsivo. Não há metáforas mais perfeitas sobre a reação dos medíocres quanto à ascensão daqueles que fogem da normalidade do que a do dito popular “Em terra de cego quem tem um olho é rei” e a do conto “A terra dos cegos” de H. G. Wells. Reações aparentemente antagônicas, mas que se conciliam perfeitamente no pensamento medíocre do ser humano: primeiro a aceitação, depois a exclusão.

Presencie este pequeno ensaio. Imagine um adolescente dedicado nos estudos, oriundo de família pobre e ignorante e que, depois de grande esforço e engajamento das raríssimas oportunidades que teve, consegue ir além das expectativas de sua família e assumir os riscos da discriminação que os esclarecidos se submetem. Poucas são as famílias, verdadeiras famílias, que não se orgulhariam em polvorosa alegria com a ascensão de seu filho pródigo. Seu nome seria motivo de celebrações, rodaria as bocas das tias que orgulhosamente profeririam elogios de seu sobrinho estudioso, que talvez nem seja tão estudioso, mas que destoou da normalidade de seu meio, de seu âmbito familiar. Enfim, tornou-se o “rei” da sua “terra dos cegos”.

Infelizmente, como já dito antes, assumir a condição de esclarecido o torna discriminado, diferente. Diferença que logo se torna um incômodo. Um repulsa que aos poucos escurece o coração dos medíocres que vêem, nos bens sucedidos, uma lembrança da sua própria condição de eterna ignorância. E a família, que antes ostentava a medalha de orgulho nº 1, inicia seu gradual processo de segregação quanto ao seu filho, antes pródigo, agora indesejável. E os assuntos para as conversas, aos poucos, evanescem. E os convites para os almoços de fim de semana deixam de ser entregues. E no final, como no grosseiro desfecho do conto de H. G. Wells, a virtude geradora de toda discussão tem um triste final: a total exclusão daquele que era esclarecido.

Ou seja, não há o confronto de idéias antagônicas entre a presente no dito popular e a do conto de Wells. Ambas se conciliam no fato de que as reações da medíocre maioria da terra dos cegos figuram uma após a outra, logo, se completam.

sábado, 7 de agosto de 2010

À procura da felicidade

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A felicidade está em tudo que se faz, em tudo que é. A felicidade não é algo a ser conquistado, é algo a ser alcançado através de atitude, e não de trabalho ou de dinheiro. Aliás, dinheiro nenhum é capaz de trazer felicidade a alguém. Ele é apenas um “bônus” que ganhamos advindo do esforço físico e mental que ocupamos nossos corpos na hora de realizarmos aquele trabalho no qual sentimos prazer ao fazer. E se não sentimos prazer ao realizá-lo, estamos iludidos achando que é no dinheiro que encontraremos a felicidade, o nosso objetivo de vida. A felicidade, na verdade, está bem perto de nós. Ela está no prazer e na satisfação que sentimos ao fazer tudo pelo qual somos responsáveis, inclusive por nós mesmos.

Muitos diriam, como uma resposta automática, que o prazer deles está em não fazer nada, apenas “comer, beber e dormir”. Diriam que não importa o trabalho a que submetessem, nunca encontrariam prazer e felicidade lá. Pode até ser que tais afirmações sejam verdadeiras, porém, maior do que este argumento irrelevante, típico daqueles que vivem no ócio, quantos são aqueles que não fariam tudo “valer a pena” se não pela felicidade alheia, seja de familiares ou amigos; ou pela felicidade própria, através da simples satisfação de fazer algo bem feito? Fazer valer a pena, depois de um longo dia de trabalho, ter o prazer de conversar futilidades com os amigos na volta para casa. E depois que chegasse a ela, cansado, ver o sorriso de uma filha que só estava acordada por esperar a tua chegada. Não é isso que nos traz felicidade? Levar a felicidade aos outros que, parafraseando “O Pequeno Príncipe”, somos eternamente responsáveis pelo fato de cativarmo-lhes?

Um sorriso exausto, mas puro, de uma esposa que enxergou em ti a mesma simplicidade adorável que encontraste nela. Um sorriso agradecido de um amigo que simplesmente sorri por ser teu amigo. Um sorriso de satisfação que vemos em nossa própria face quando olhamos no espelho relembrando tudo que fizemos para chegar até ali. O sorriso patriótico de um povo quando seu coração vibra ao marchar do desfile de sete de setembro. Um sorriso espontâneo quando lemos, e nos relembramos, em textos como este, que a felicidade está em tudo, seja simples ou complexo, e de que não precisamos ir tão longe para alcançá-la. Ou melhor, tão perto, que diríamos que está em baixo de nossos narizes: no sorriso sincero que atiçamos em nós mesmos, em familiares e amigos, enfim, em todos aqueles que amamos.