domingo, 19 de setembro de 2010

O exercício da mutabilidade.



O exercício da mutabilidade.

Os ignorantes tendem a ter os pensamentos errôneos de que as pessoas devem sempre “ser o que são”, jamais permitir que outros as influenciem e que as mudem. Uns até chamam isso de “ter personalidade”. Porém, esquecem que a sociedade e o ser humano, em seu âmago, são essencialmente mutáveis e que viver também significa errar e aprender a não fazê-lo novamente através de mudanças. Mudanças estas, naturais, que justificam toda nossa evolução e figuram toda a beleza do que é ser humano, ou seja, o desejo de mudar e evoluir.

Ninguém pode ser estático. Pelo menos, não deveria. Aqueles que resistem às revoluções ideológicas e sociais, que vivemos todos os dias, apenas pelo fato de desconsiderarem e rejeitarem tudo que é novo, não conseguem evoluir. Não conseguem porque se conformam na inércia que permitem suas vidas permanecer. É claro que estar aberto a novos pensamentos e perspectivas não significa adotar como verdade absoluta toda e qualquer ideologia que por nós transcorra, mas sim, estar propenso a estudar e questionar, de todos os ângulos possíveis, posicionamentos diferentes dos nossos.

Ser humano também significa mudar seu próprio pensamento para aceitar as diferenças de nossa sociedade. Significa mudar seu ponto de vista para tentar entender o pensamento de outrem e deixar, se natural for, que este novo pensamento seja agora o seu próprio. É assim que estamos evoluindo, embora a pequenos passos, de uma sociedade segregada por credos e etnias para uma sociedade única e universalmente acolhedora. Em um mundo, em as distâncias foram tão reduzidas pela tecnologia e no qual coexistem bilhões de pessoas, cada uma com sua crença, não há como não desejarmos mudanças ideológicas que promovam a mútua aceitação e a paz.

É isso que há de mais belo no homem: o desejo de mudar para evoluir. O desejo de analisar nossos erros do passado e mudar nossos pontos de vista. De estar propenso a posicionamentos divergentes dos nossos para que, em paz, convivamos com o próximo. De permitimos nossas vidas navegarem contra a maré de mediocridade dos ignorantes que não toleram mudanças. Enfim, é no exercício de nossa mutabilidade que, verdadeiramente, nos reafirmamos como humanos.

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