segunda-feira, 24 de maio de 2010

Evoé, caro Machado




Evoé, caro Machado,

A ti, que da genialidade foste filho,
Conto decepcionado – um relato revoltado -,
Impulsionado pela dor que te partilho.

Nossa cidade expoente,
A cada dia mais doente,
Pela má política,
Pela crise da educação,
Pela imparcialidade da crítica,
Por desorganização, corrupção,
Pela falência dos valores – outrora engrandecedores -,
Abandonados, em extinção.

Podes ver que o Cristo imponente,
Para Zona Sul está de frente,
De braços abertos pra ela,
Mas nessa cidade, até a divindade,
Está de costas pra favela!

E lá de cima, a cidade iluminada,
Lá embaixo engarrafada,
Num funil de grosseria.
O estresse explicaria,
Na constante correria,
O porquê da ignorância?
Se a cidade, desde a infância,
Crescera orgulhosa,
Não quer ser maravilhosa,
Pra mais uma geração?

Mas, se tão cedo dessa vida partiste,
Consolaste o sofrimento e a agonia,
De ver o Rio Belo triste,
Com o caos de hoje em dia.
Fruto de sementes que não plantaste,
Vede agora o Rio pobre,
Sem teu fio áureo-nobre,
Sem governo, sem povo; escapaste!
Assustado?
Abane a cabeça, Machado!

( Eduardo Igreja )

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